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quarta-feira, 28 de março de 2012

Renúncia

Chora de manso e no íntimo... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a ama-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
e será, ela só, tua ventura...

A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira.
Sem um grito sequer, tua desgraça.


Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildimente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...
*Manuel Bandeira*



  


O Silêncio

Na sombra cúmplice do quarto,
Ao contato das minhas mãos lentas
A substância da tua carne
Era a mesma que a do silêncio.

Do silêncio musical, cheio
De sentido místico e grave,
Ferindo a alma de um enleio
Mortalmente agudo e suave.

Ah, tão suave e tão agudo!
Parecia que a morte vinha...
Era o silêncio que diz tudo
O que a intuição mal adivinha.

É o silêncio da tua carne.
Da tua carne de âmbar, nua,
Quase a espiritualizar-se
Na aspiração de mais ternura.




 

       Manuel Bandeira

segunda-feira, 26 de março de 2012

Perdida

Onde foi que fiquei?
A sombra da saudade,
em versos imersos desse meu segredo.

Onde foi que me deixaste?

A romper em desejos,
em pó,em crise,em medo.

O que foi que me fizeste?

A tomar minhas mãos,
incansáveis,sangrando
em vontades intermináveis.

Onde foi você,depois de me roubar?

Teu silêncio me extremesse.
Minha voz não te esquece...
Te chama...te ama...te pede.


 



Patty Vicensotti

quinta-feira, 1 de março de 2012

Querido amigo

Tantas incertezas percorrem minha alma,
Arrepiam minha pele,
Embargam minha voz,
Deixando apenas a certeza de estar viva
Morta de medo.

Caminhar contigo
Longe de ti,
Perto de mim, tua lembrança
Do sempre passado,
Sempre distante
Como tu,
Ausente.

No futuro e no passado,
Distante.
Onde coloco o presente?
No futuro e no passado distantes?












Dulci Matthes