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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Minha inspiração


Em uma noite fria,a lua foi minha guia
Inspirou meus pensamentos,desatou meus sentimentos
Clareou o que tinha por dentro
E a partir daquele momento esqueci todo sofrimento
Passei a pensar em o que a vida podia me proporcionar

Descobri minha musa inspiradora

Que é a luz do luar
E acompanhada pelas estrelas
Todas noites vem me encantar

Quando estou triste uma brisa vem me tocar

Sinto que ela esta me abraçando
Para não me ver chorar
Por trás dela a um enigma,que gostaria de desvendar
Pois mesmo ao mudar de fase,nunca deixa de brilhar

Abro a janela e deixo seu reflexo entrar

Parece que fica me sorrindo,só para me agradar
Quando estou dormindo,fica a me vigiar
E se abro os olhos a vejo imóvel,no mesmo lugar
Que os anjos me perdoem,pois é ela que de mim cuidará

Até que um dia adormeci,e não a vi chegar

Mais em meus sonhos ela apareceu,para me encantar
O dia passou,a noite chegou,nebulosa e sem luar
Em sua ausência a senti,e naquele instante percebi
Que mesmo sem ve-lâ,ela sempre estará lá
             * Leticia marya*

O teu riso

O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,

tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,

a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso

com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos

mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,

teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,

do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

   [Pablo Neruda]

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Os versos que te fiz

             Deixa dizer-te os lindos versos raros
               Que a minha boca tem pra te dizer
               São talhados em mármore de paros
               Cinzelados por mim pra te oferecer


               Têm dolência de veludos caros,
               São como sedas pálidas a arder...
               Deixa dizer-te os lindos versos raros
               Que foram feitos pra te endoidecer!

               Ma, meu amor, eu não te digo ainda...
               Que a boca da mulher é sempre linda
               Se dentro guarda um verso que não diz!

               Amo-te tanto! E nunca te beijei
               E nesse beijo, Amor, que eu não te dei
       .Florbela Espanca .                 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sombra no ar

Um resto azul de sono ainda me ilude.
Mais visível se torna o meu fantasma
Turvo, entre a névoa da metamorfose.

Respiro o ar leve que sustenta o mundo.

A vida, nada mais que esse respiro
Meu olhar, nada mais que essa procura.
Este o mundo a que vim, de pedra e sonho.

Penso: Por que me cerca este cenário?
Quem sou eu para ser digno da vida?
Que farei neste mundo, que direi?

Prefiro à minha voz o som das águas,
E a um pensamento, por maior, prefiro
Que por minha cabeça passe o vento.

Arde a nuvem na luz que além se acende.

Ao longe, o fundo da existência. Sempre
O céu presente, do alto presidindo

       [Dante Milano]

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Vozes da África



Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
— Infinito: galé! ...
Por abutre — me deste o sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé...

O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.
Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes

Embala-se coberta de brilhantes 
Nas plagas do Hindustão.      
Por tenda tem os cimos do Himalaia...
Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais ...
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama,
Pagodes colossais...


      [ Castro Alves]

Soneto da Separação


A LUZ que de teus pés sobe a tua cabeleira,
a turgência que envolve tua forma delicada,
não é de nátar marinho, nunca de prata fria:
é de pão, de pão amado pelo fogo.
 
A farinha acumulou seu celeiro contigo
e cresceu incrementada pela idade venturosa,
quando os cereais duplicaram teu peito
meu amor era o carvão trabalhando na terra.
 
Oh, pão tua fronte, pão tuas pernas, pão tua boca,
pão que devoro e nasce com luz cada manhã,
bem-amada, bandeira das fornadas,
 
uma lição de sangue te concedeu o fogo,
da farinha aprendeste a ser sagrada,
e do pão o idioma e o aroma.
 
(Pablo Neruda)

Pela luz dos olhos teus
Quando a luz dos olhos meus
 E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.


            [Vinícius de Moraes]

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Soneto de Felicidade



De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento


E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor que tive:

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.
[Vinicíus de Moraes]

Clarice Lispector

Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Luiz de Miranda

Ó amores quebrados
nos desvãos da alma!
Como batem os seus sinos
alumbrando a noite,
farol de hinos.
Partimos, partimos,
desesperados pelos caminhos,
sozinhos, sozinhos,
sem a pálida estrela sa manhã.
Na angústia vegetal
dos abismos da aurora,
ouvindo o resonar da pedra,
alicerço o nosso canto.

Sozinhos, sozinhos,
inauguramos o ar desolado
que bate nas árvores,
florindo os alpendres da sombra,
a fulgir ó abandonado,
no aro da estrada
para que a palavra
estenda seu varal de luz.

sábado, 12 de novembro de 2011

Soneto

Oh, partir pela noite enluarada
No puro anseio de chegar lá onde
A minha doce e dugitiva amada
Na madrugada, trêmula, se esconde...

Oh, sentir palpitar em cada fronde
O amor, oculto; e ouvir a voz velada
Da íltima estrela que do céu responde
Numa cintilaçao inesperada

Oh, cruzar pela solidão, viver soturnas
Magias, e entre lacrimas noturnas
Ver o tempo passar, hora por hora

Para o instante em que, isenta de desejo
Ela despertará sob o meu beijo
Enquanto a treva se desfaz lá fora...
 [  Vinicius de Moraes]


sábado, 5 de novembro de 2011

Pra todos os lados

Jorram pra
todos os lados
as áquas
que inundam
meus olhos.
Não importo-me
se si tornarem mares. Irão levar as saudades
que flutuam nos beirais espumante. E seguem
meu ser e saudades aderiva...

Autoria: clotilde

Soneto de despedida



Uma lua no céu apareceu
Cheia e branca; foi quando, emocionada
A mulher a meu lado estremeceu
E se entregou sem que eu dissesse nada.
Larguei-as pela jovem madrugada
Ambas cheias e brancas e sem véu
Perdida uma, a outra abandonada
Uma nua na terra, outra no céu.
Mas não partira delas; a mais louca
Apaixonou-me o pensamento; dei-o
Feliz - eu de amor pouco e vida pouca
Mas que tinha deixado em meu enleio
Um sorriso de carne em sua boca
Uma gota de leite no seu seio.

    *Vinícios de Moraes *

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O nosso mundo



 Eu bebo a Vida, a Vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno
Poisando em ti o meu olhar eterno
Como poisam as folhas sobre os lagos...

Os meus sonhos agora são mais vagos
O teu olhar em mim, hoje é mais terno...
E a Vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e presságios!

A Vida, meu amor, quero vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas hemos de bebê-la!

Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?...
O mundo, Amor! ... As nossas bocas juntas!...

                         Florbela Espanca

             
         

Sonho

Sonhei de novo com você. Quando chegar a hora do esquecimento não importa como te amo. É como se fosse florir meus sonhos, se acordada se tornariam triste como meus olhos os são. Triste de chorar com saudades de ti. As vezes sinto meu coração desfeito, e fico a procura de ti. Neste quarto vazio que ainda existe muito amor, e nesse momento afloram meus pensamento meus desejos. Volto para meus sonhos e meus pensamentos resume então em lembranças em saudades.

                                        [clotilde]