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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nos teus olhos a sentir
Vagueia uma canção
Lentamente faz ouvir
Invadindo o coração

Quisera com ansiedade
Debaixo de um sapoti
Cantar-te toda saudade
Que eu temho vivido aqui

O que mais queria agora
Criar asas nessa hora
Voar a procura de ti

Vou me despedir chorando
Aos poucos vou lamentando
O quanto sofro por ti.

       





          [  Maria Edi Ferreira ]

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Flor do meu jardim

Vives presente em torno de mim,
mas em tua suave discrição,
às vezes te fazes desapercebida.
Tua raridade não está no teu corpo,
mas na alma que o anima.
Tua visão encanta, mas é teu coração
que me atrai em teu afeto leve.
Tua paz acalma minha guerra.
És etérea sutileza que
sublima-se em  sensualidade.
Lembrar de tua sempre beleza,
é recordar a imagem
do desabrochar de um botão.
Flor dentre outras flores,
mas única flor meu jardim.
Teu ser é o melhor de cada estação,
Não tens a fugacidade das
flores que brotam na primavera,
pois tuas pétalas comungam
com a promessa de eternidade.
Tens o calor, mas não és ardente,
como se faz o verão em seu auge.
Não tens a melancolia do outono,
pois em ti, os tons cinza
agregam sentimentos de paz.
Não tens o vento frio
e cortante do inverno,
pois já aprendeste a ser brisa
que refresca a pele em carícia.
Longe dos labirintos emocionais,
dos atrativos jogos da sedução,
teus sentimentos simples e singelos,
tua franqueza e honestidade.
Emanas singela humildade,
mas nunca servidão,
pois tens ares de majestade.
És rainha que não possui,
pois que não precisas da posse,
já que tens a oferta de meu coração,
flor única dentre
as flores do meu jardim.

'Oferecido pelo poeta 
Gilcerto Brandão
Obrigada! é muito lindo, bejos*

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Jardim do meu encanto

O amor anda comigo,
no meu pensamento,
como um bálsamo
do meu coração
e da minha vida!

Tenho o meu jardim
sempre florido,
com rosas
dos amores, paixões
pelas mulheres da minha vida!

Existem rebentos
a florescer
como rosinhas,
as rosinhas da minha Vida!

Todos os dias
olho para o jardim
e meus olhos se encantam
vendo em cada flor
uma parte de mim!

Aproximo-me de cada uma
e acarinho, dou amor
e sorrio…

… cada flor
é uma história vivida,
com encanto,
paixão e amor!

O jardim do meu encanto
ficará…
e eu um dia
partirei
com o meu corpo coberto
de pétalas de amor!

  *José Manuel Brazão*




terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Paseio no jardim

Quem aspira o perfume
deste longo jardim
de palavras cortadas
como se fossem caules
vê no chão espalhadas
as pétalas da rosa:
estilhaços de mim.

Nunca me completei
e sonho o que seria
se a mim me reunisse
a mim mesmo somado
como um ramo de flores
ou a gota de orvalho
na manhã condenada.

Sempre me procurei
dentro de mim perdido
em meus próprios domínios.
E no nunca me achar
é que me encontro e sou.
Só parto ao regressar.
Só venho quando vou.
        *Lêdo Ivo*

                                                                             



 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Uni-verso

Sou inventada
Visão, invertida pela luz de seu olhar
Anuncio a origem
Dentro de mim a verdadeira vertigem
Do atrito entre corpos celestes
faíscas de arrancar as vestes

Sou inversão
Calor que atravessa a invenção de meu avesso
Do interior vem o começo
Momento em que te reconheço
Diferente de qualquer teoria

Somos alquimia
da explosão, energia
Na união, universo
Dê-me um verso
Que justifique nosso prazer enviesado
Onde faça sentido nossos corpos 

 infinitamente lado a ladoSou inventada
Visão, invertida pela luz de seu olhar
Anuncio a origem
Dentro de mim a verdadeira vertigem
Do atrito entre corpos celestes
faíscas de arrancar as vestes

Sou inversão
Calor que atravessa a invenção de meu avesso
Do interior vem o começo
Momento em que te reconheço
Diferente de qualquer teoria

Somos alquimia
da explosão, energia
Na união, universo
Dê-me um verso
Que justifique nosso prazer enviesado
Onde faça sentido nossos corpos 

 infinitamente lado a lado                          
                                                                        


                       



          *Calene *

domingo, 15 de janeiro de 2012

O mar

                    Por mais que eu tente
                    fugir dos arremesso
                    espumante do mar
                    estou presa e envolvida
                    com a vida.
                    Me enchas de esperança
                    envolva-me
                    com teu abraço tênue
                    e ao ingênuo ventre
                    que seduziu-me.
                    Ao silêncio origina de
                    todos os gritos contidos.
                    Cada procura, cada rastro 
                    que se confunde na poeira
                    que os apaga.
                    Por que os caminhos 
                    ti leva ao meu encontro
                    não lembras.
                    Quando estamos juntos
                    jamais posso imaginar
                    ficarmos distantes.
                    Cada momento se eterniza
                    como se fossem
                    imtermináveis as noites
                    a quem confidencio
                   minha espera.

  
                                 [Clotilde ]                                             





 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Navios Negreiros

Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.


'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...


'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...


'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...


Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.


Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!


Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!


Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!


Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia,
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia.


Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!


Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.





Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.


Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!


O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!


Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu!...




Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!




Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...


Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs
Castro Alves


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Amor Desejado



Anseio por viver outra vez
esse amor que trago no peito.
Amor sem limites,
Amor sem fronteiras,
Amor genuíno,
Amor consagrado.
Assim serei inteira, te tendo,
sentindo tua presença,
ainda que esteja distante.
Não importa o passado, esse já se foi.
Vem agora e diz que também deseja
esse AMOR.

Murmúrio



Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!


                Cecília Meireles


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Frémito do meu corpo a procurar-te

Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te,

Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!

E vejo-te tão longe! Sinto tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que não me amas...

E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...  
              
                 Florbela Espanca
   

sábado, 7 de janeiro de 2012

Baião de Luanda

Tão velhinha e tão linda, e tão presa
nos mistérios das ondas do mar,
é Luanda uma flor, uma beleza
com perfume e encantos sem par.
De S. Paulo à Marginal
- Vem ver , meu amor! -
Luanda ao sol-pôr,
Como é sem favor, divinal!
Raparigas do Bungo e da Samba,
do Cruzeiro e da Sé, do Balão,
na Paris, Polo Norte ou Mutamba,
são a nossa maior tentação.
Nesta terra onde eu nasci
eu quero casar
e ter o meu lar
e rir e chorar
só por ti.
Pelos bailes selectos da Alta,
nos batuques tão ricos de côr,
é Luanda que dança e que salta,
numa festa de vida e amor.
Bungo, Samba e Sambizanga
ou Portas do Mar
- Tudo isto é Luanda,
cidade e quitanda
ao luar...
Tão velhinha e tão bela e fagueira,
debruçada nas ondas do mar,
É Luanda sagaz, feiticeira.
Quem cá chega, cá quer ficar!
*Reis Aventura*
 
O  verdadeiro amor não é aquele que se alimenta de carinho e beijos mas sim aquele que suporta a renúncia e consegue viver na saudade.
Que o sussurar do vento te leve um beijo carinhoso e eterno e me deixe em seus pensamentos para que a distância não apague em ti minha exixtência.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Amor total


Amo-te tanto meu amor ... não cante
o humano coração com mais verdade...
amo-te como amigo e como amante
numa sempre diversa realidade

amo-te afim, de um calmo amor prestante,

e te amo além, presente na saudade.

amo-te enfim, com grande liberdade

dentro da eternidade e a cada instante

amo-te como um bicho, simplesmente,
de um amor sem misterio e sem virtude
com um desejo maciço e permanente

e de te amar assim muito e amiúde
é que um dia em teu corpo de repente
hei de morrer de amar mais do que pude. 

VINICIUS DE MORAES