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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Soneto de Véspera

Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto te esperar, que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?

Que beijo teu de lágrima terei
Para esquecer o que vivi lembrando
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer por que chorei?

Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória imensa
Que a distância criou - fria de vida

Imagem tua que eu compus serena
Atenta ao meu apelo e à minha pena
E que quisera nunca mais perdida...

Vinicius de Morais













quarta-feira, 30 de maio de 2012

Pó de fada


*Sopro de mago
Conselho de bruxo
Cavalo alado
Leva-me pra longe
Pra lá do horizonte
E que ele me encontre
Nos seus mais belos sonhos
Que o seu sopro me ache
Num paraíso
Ou em Marte
E me traga de volta
Sempre que eu me perder
Sou tua Deusa
Tua fada
Tua Mulher
Tua Amada
E não irei esquecer
Que nos meus sóis
E em minhas sombras
Sem nem ter havido lençóis
Lá sempre te encontras.*

*Carolina Salcides*

terça-feira, 29 de maio de 2012

Das Estrelas

Que admirei, molhadas
por rios e rocios diferentes,
eu não escolhi senão a que eu amava
e desde então durmo com a noite.

Da onda, uma  onda e outra onda,
verde mar, verde frio, ramo verde,
eu não escolhi senão uma só onda:
a onda indivisível de teu corpo.

Todas as gotas, todas as raízes,
todos os fios da luz vieram,
vieram-me ver tarde ou cedo.

Eu quis para mim tua cabeleira.
E de todos os dons de minha pátria
só escolhi teu coração selvagem.
Pablo Neruda





Saberás

Que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio.
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minha mãos as chave da fortuna
e um incerto destino desditoso.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.





Pablo Neruda

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A lua

Olho pro céu...
E vejo você...
Há lua de todos os amantes...

Teu olhar é tão belo...
Que me ponho a imaginar
como é bom amar...

Lua amiga dos poetas...
E dos apaixonados...
Que nada me diz...
mas que me faz companhia...
E me deixa sonhar...

Sonhar com você é poder te amar
como em uma àquarela de sonhos
reais assim sendo nós ...
Eu e você no doce balanço do mar


com a lua a nos testimunhar
By Márcio


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pode ser

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade, fazemos as
               pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo
               passe...
Mas, se a amizade permanecer, um do outro,
               há de se lembrar.
Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade, a amizade
               nos reaproximará.
Pose ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade, nasceremos
de novo, um para o outro.
Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo
novamente cada vez de forma diferente,
sendo único e inesquecível cada momento
que juntos viveremos e nos lembraremos
para sempre.

clotilde vicente





segunda-feira, 7 de maio de 2012

               Ó noite onde as estrelas mentem luz, ó noite,
única coisa do tamanho do Universo, torna-me, corpo de e alma,
parte do meu corpo, que eu me perca em ser mera treva e me tor
ne noite também, sem sonhos que sejam estrelas em mim, nem sol
esperado/ que ilumine do futuro.
*cuja idéia cujo espera-lo                      Pessoa Fernando

                    Palmeio
       este silêncio
com o som metálico do teclado
                    A obedecer
A fúria dos meus dedos.
-Porque sentimos este vazio...
PP[Vóny Ferreira]

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A Flor e a Noite

A Eterna Ausência Eu aguardei com lágrimas e o vento
suavizando o meu instinto aberto
no fumo do cigarro ou na alegria das aves
o surgimento anónimo
no grande cais da vida
                                           desse navio nocturno
que me trazia aquela com lábios evidentes
e possuindo um perfil indubitável,
mulher com dedos religiosos
e braços espirituais...

Aquela mulher-pirâmide
                                           com chamas pelo corpo
e gritos silenciosos nas pupilas.

Amante que não veio como a noite prometera
numa suspensa nuvem acordar
meu coração de carne e alguma cinza...

Amante que ficou não sei aonde
a castigar meus dias involúveis
ou a afogar meu sexo na caveira
deste carnal desespero!...

António Salvado,