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sábado, 21 de abril de 2012

O silêncio

Na sombra cúmplice do quarto,
Ao contato das minhas mãos
A substância da tua carne
Era a mesma que a do silêncio.

Do silêncio musicall, cheio
De sentido místico e grave,
Ferindo a alma de um enleio
Mortalmente agudo e suave.

Ah, tão suave e tão agudo!
Parecia que a morte vinha...
Era o silêncio que diz tudo
O que a intuição mal adivinha.

É o silêncio da tua carne.
Da tua carne de âmbar, nua,
Quase a espiritualizar-se
Na aspiração de mais ternura.


Manuel Bandeira

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