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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Espera

Não me digas adeus, ó sombra amiga,
Abranda mais o ritmo dos teus passos:
Sente o perfume da paixão antiga,
Dos nossos bons e cândidos abraços!

Sou dona de místicos cansaços...
A fantástica e estranha rapariga
Que um dia ficou presa nos teus braços...
Não vás ainda embora, ó sombra amiga!

Teu amor fez de mim um lago triste:
Quantas ondas a rir que não lhe ouviste,
Quanta canção de ondinas lá no fundo!

Espera... espera... ó minha sombra ...
Vê que pra além de mim já não há nada,
E nunca mais me encontras neste mundo!

         Florbela Espanca

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