Seguidores

sábado, 21 de setembro de 2019



          Canção

   No desequilíbrio dos mares, as proas giram sozinha...
Numa  das naves que afundaram e que certamente tu
vinhas.

 Eu te esperei todos os séculos sem desespero e sem 
desgosto, e morri de infinitas mortes guardando sempre
no mesmo rosto.

 Quando as ondas te carregaram meus olhos, entre águas
e areias, chegaram como os das estatuais,  a tudo quanto
existe alheios.

minhas mãos pararam sobre o ar e endureceram junto ao
vento,e perderam a cor que tinham e a lembrança do
movimento.

E o sorriso que eu te levava desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva dentro desta água sem fim.


De Cecilia Meireles






Nenhum comentário:

Postar um comentário