A Noite vem pousando de vagar
Sobre a terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...
Ninguêm vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a noite imensa soluçar!
E eu ouço soluçar a noite escura!
Por que és assim tão 'scura, assim tão triste?!
É que talvez, oh noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!
Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó noite!... Ou de ninguém!
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!
*Florbela Espanca*
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