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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Noite de Saudade


          A Noite vem pousando de vagar
Sobre a terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...

          Ninguêm vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a noite imensa soluçar!
E eu ouço soluçar a noite escura!

          Por que és assim tão 'scura, assim tão triste?!
É que talvez, oh noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!


          Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó noite!... Ou de ninguém!
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

                    *Florbela Espanca*


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