O asfalto molhado e o cinza do céu
só lembravam tristeza.
As folhas caiam entre gotas de chuva
enquanto o rádio do carro tocava o silêncio da alma
abafando o ranger dos pneus pelas curvas ligeiras.
Mas depois te encontrei me esperando
E nossas mãos de novo se uniram
e pareciam rezar uma prece sem fim.
Nossos dedos entrelaçados
Só falavam de amor
Sem dizerem palavras.
E de peito aberto segui
Olhando de frente
O novo rumo da vida
E em meu ombro deitaste,
como teu ninho e abrigo
e com ele deixaste
Teu perfume e carinho.
Fui heroi, fui senhor
Eras minha naquele entardecer.
Meus dedos brincavam travessos
Por teus músculos e braços
e em teus seios pequenos
A chuva tinha parado seu canto
E as luzes da noite se ascenderam de pronto
Na janela embaçada os riscos feitos no dedo
Te queixastes de frio
e te cobri com meu manto.
Mas a vida me fez afastar dessa tarde
Corri pelo asfalto molhado
escutando sozinho em meu carro
As lágrimas do primeiro adeus.
*Lorenzo Madrid*
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