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sábado, 11 de agosto de 2012

Vai minha pena!

Aqui, em pensamentos solitários,
Por fios ligada ao mundo que me envolve,
Ouço os ais e queixumes, vãos e vários,
E em dores minha pena se revolve.

Seus sofrimentos trazem-me à lembrança
Outras penas por mim atrás penadas,
Logo, da pena exigo uma aliança
Para contar ao mundo as não contadas.

Mas se em tristeza a pego, ela se nega,
Pois outras almas não quer imiscuir
Na dor que me atormenta e me faz cega,
Levando aos meus iguais triste sentir.

Então, a minha pena a pena afasta,
E à doída inspiração se faz escusa,
Que em desabafos negros, só se agasta,
E a ser pena de mágoas se recusa!

Só quando me pressente ébria de amor,
Aos meus dedos se apressa a se ajustar,
E em frenesim se faz meu lavrador,
Para versos de paz então semear.

Porque poeta sou, e ela o sabe,
Não me consente a pena mais penar.
Sarar penas… missão que ao Poeta cabe!
- Vai, minha pena! A Outras consolar!
Carmo Vasconcelos

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